Dia 113/365

A CAMINHADA

Mantendo a tradição desta Dieta da Rede dOs Amaral Social, caminhei hoje com Bruno Amaral, o caçula de Dona Helena e Dr. Fernando. Formou-se em publicidade mas sua profissão bem que poderia ser “Desenrolado” com MBA em “Nomadismo”. Vocacionado para a estrada, correu o mundo desde os 18 anos – e certamente nenhum filho de um espermatozóide barreirense foi tão longe quanto ele, com tão pouca idade. Bruno me contou como viajou da Inglaterra à Suíça, sozinho e sem conhecer ninguém, para conseguir assistir o show da banda Deep Purple numa estação de esqui nos alpes, debaixo de uma nevasca braba. Falou também das suas andanças no Canadá, onde morou um ano e meio enquanto fazia uma especialização na cidade de Québec, sob temperaturas que variavam entre os 40ºC no verão e -30ºC (menos trinta) no inverno. Escutando seus relatos, eu tive vergonha de mim mesmo – que me enrolei para pegar um ônibus Casa Amarela/Nova Torre outro dia e acabei embarcando no Casa Amarela/Padre Lemos, desci na feira e fiquei desesperado. kkkkkkkkkk.
Pois o rapaz falava das suas peripécias internacionais com a facilidade de quem é, literalmente, um cidadão do mundo. Sua narrativa passa a impressão que tudo é muito tranqüilo, que não existe dificuldade alguma, bem ao estilo “quem tem boca vai a Roma”. Aliás, na Itália ele foi a Palermo e desbravou a Sicília. E me disse ter ido também à farras homéricas na Espanha e subido escadarias a 3 mil metros de altura no Peru. Navegou nos mares gelados do Alasca, além de ter cruzado o Canadá de carro. Enfim, ao término da caminhada eu quase perguntei o que ele veio fazer de volta ao Recife. Mhuahahahahah. 
Atividade física concluída com sucesso!!!! Foram 6,69 km nessa Gipsy Walk em excelente companhia! E eu pensava que quem andava era eu. Valeu demais, Bruno!!!!


COMO ANDA A ALIMENTAÇÃO?

De volta ao lar do Tio Hipocondríaco, tomei um refrescante suco de graviola orgânica e comi inhame orgânico com queijo de coalho orgânico frito (uêpaaa!!!) com manteiga (uêpaaaa!!!) igualmente orgânica. Se engordei, o importante é que emoções eu vivi.

      
VOCÊ NÃO SABE OS PASSOS QUE DEI PRA CHEGAR ATÉ AQUI…

Nem de longe eu seria tão rodado (uêpaa!!) como o voluntário de hoje, mas confesso que já dei minhas viajadas (ôeee!!!) para alguns lugares exóticos deste imenso país continental chamado Brasil. E nunca mais esquecerei de Piranhas(AL), no Baixo São Francisco, que apelidei de “a ante-sala do inferno”, por causa do calorzinho que fazia por lá. Era verão e eu tinha ido a trabalho para cobrir o Festival de Culturas Populares do Rio São Francisco. Por indicação de colegas, aluguei um quarto numa pousada aparentemente familiar de uma simpática senhora loira. O calor era tanto que eu terminava o banho, saía molhado do chuveiro, ligava o ar-condicionado e não tinha forças nem para segurar a garrafa d’água (e bebia num canudinho, prostrado em cima da cama). Na segunda noite, conheci um velho artesão chamado “Seu Fernando” (mais tarde descobri que tratava-se do mais antigo artesão da Ilha do Ferro), que comentou em voz alta para um amigo “hoje é meu aniversário”, ao que prontamente me intrometi: “então meus parabéns!”. E assim, Seu Fernando estava convidando o pessoal para uma farra na sua humilde casa, no povoado vizinho, com direito a capão guizado e cachaça da boa. Avisei à dona da pousada que dormiria na Ilha do Ferro e assim fui, numa saga de 3 horas numa Belina caindo aos pedaços por uma estrada de barro, com direito a parada no meio do caminho para matar uma cascavel (é o passatempo do sertanejo, matar cascavel. Quase todos do carro desceram para pegar a cobra, menos eu). E assim, conheci o ateliê do artista, comi o capão, bebi a cachaça e voltei no dia seguinte, de barco pelo Rio São Francisco. Para minha surpresa, quando cheguei na pousada notei que minha cama estava desarrumada, minha mala estava revirada e havia um fiapo de cabelinho crespo e preto no meu sabonete. Perguntei à dona da pousada se alguém tinha entrado no meu quarto e a velha deu a seguinte resposta: “Olhe, meu filho, eu só deixei um casal tomar banho lá. Eu jamais alugaria seu quarto para outras pessoas“. E foi assim que eu dancei, e nunca mais quero voltar a Piranhas(AL).

Este post tem um comentário

  1. Anônimo

    ahahahahahha Vamos para o Festival de Culturas Populares esse ano, man!?

    Muito boas histórias!

    Abraços, Thiago Benevides.

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