A CAMINHADA
Dando prosseguimento à versão carnavalesca desta minha proposta de atividade física colaborativa, a Caminhada-Foliã de hoje começou em casa, ou melhor, exatamente no prédio onde vivo. Depois de amargar uma ressaquinha básica por causa dos excessos etílicos combinados com a escassez alimentar de ontem, acordei às 9h30 com a cabeça pesada e doendo, voltei ao sono reparador e só vim renascer das cinzas às 13h45. Como perdi o Mucha Lucha (sub-bloco dos gordinhos e sequelados, numa paródia às lutas-livres mexicanas), já não fazia sentido insistir no cabelo afro, pois as minhas trancinhas-raiz já me causavam grande desconforto, sobretudo sob ressaca. Dizem que cada raiz de cabelo é uma terminação nervosa, então vocês podem imaginar a dorzinha constante em todo o couro cabeludo, né? Tive um insight e pensei no meu vizinho Cássio como a única pessoa que poderia me ajudar a tirar as tranças, porque ele é negro, estilista, costureiro, homossexual, carinhoso, extremamente gentil e solícito. Interfonei para a casa dele e atendeu uma outra pessoa, aí eu deixei o recado: “diga a ele que Andrey vai descer aí já já”. Voltei aos meus afazeres cura-ressaca e o interfone tocou. Era o porteiro avisando que Cássio queria falar comigo, pra saber o que eu queria com ele. Para não dar margens a más interpretações do porteiro, expliquei logo que recorreria ao vizinho para desfazer minhas tranças, e o porteiro gargalhou por dez intermináveis segundos. Pois é, homofobia é foda. E assim, desci ao Acre (apelido do apê de Cássio) e me deparei com quatro prestativos voluntários, que trabalharam na minha cabeça por quinze minutos para me destransformar de afro para nórdico outra vez. Um desses hábeis cabeleireiros improvisados estava de saída psra o carnaval, por isso foi imediatamente nomeado o Voluntário da Vez: Jorge Senna, mais conhecido como “Azul”. Gaúcho (uêpa!), “profissional de saúde convencional mas com a mente aberta para incentivar e apoiar práticas naturais, como parto humanizado, benzedeira e tudo mais que possa deixar a paciente mais tranqüila”, como ele mesmo fez questão de descrever. Azul é um velho habituè daquele apartamento, desde o tempo em que não era Acre e sim a República dos Macacos. Hoje, coincidentemente, é o seu aniversário, mas quem ganhou o presente fui eu, por me livrar das tranças. A caminhada teve também a importante presença do camarada psicólogo (uêpaaa!) Rafael Gonçalves, este sim um remanescente da República dos Macacos, que nas horas vagas adota a alcunha de Rafa Energia.
Saímos do prédio (eu, Azul e Rafa Energia) em direção à Rua da Moeda, no Recife Antigo, onde estava a concentração do bloco Caranguejo no Caçuá – e seguimos a agremiação frevando num cortejo que costurou algumas ruas do velho bairro. Terminado o desfile, continuei caminhando (dessa vez na companhia da minha cara-metade, que tinha ido ao Recife Antigo de carona com meu sogro). Devo ter bebido uns três litros d’água esta tarde. Acreditem se quiser, a quilometragem de ontem totalizou 9,5 km e a de hoje chegou em 5,65 km, porque voltamos cedo.
Atividade física concluída com sucesso!!! Valeu demais, Azul!!!
COMO ANDA A ALIMENTAÇÃO?
Em dia de ressaca não se come de manhã, todo mundo sabe. Mas, forcei a barra e tomei um copázio de vitamina de banana e maçã. No almoço, que foi às 16h por motivos óbvios, fui de bacalhau com alcaparras, brócolis ao alho e arroz de vegetais. À noite, sanduíche de atum com tomate, alho, creme de ricota, cenoura, noz moscada, azeite e mussarela light.
VOCÊ NÃO SABE OS PASSOS QUE DEI PRA CHEGAR ATÉ AQUI…
A República dos Macacos era uma comunidade de estudantes de medicina (uêpaaaa) viciados em jogar “War”, com a qual mantive uma bela amizade, há cinco anos, porque eu adoro jogar War, claro. Além do macaco Rafa Energia, tínhamos o macaco Asas, o macaco Giliate e a macaca Débora (esta, estudante de Direito). Na porta do elevador, em seu andar, havia um desenho daquela clássica piada do macaco surdo, macaco mudo e macaco cego. Nossa amizade durou cerca de um ano de convivência quase diária, até que todos se formaram e deixaram o apê, um a um. Nunca mais joguei War, e foi assim que eu engordei. Mhuahahahahaha!