Dia 115/365

A CAMINHADA

A voluntária da vez foi a jornalista Rita Vasconcelos, concursada da Fiocruz, mestra em sociologia Antropologia e grande amiga da minha mulher, ou seja, uma pessoa super respeitada por este blogueiro que vos escreve. Mhuahahahahaha. Recém-chegada de uma viagem sabática de cunho sociológico-socialista, dedicou grande parte do nosso tempo juntos para me contar sobre as maravilhas de Cuba, misteriosso país del amor indo bem além dos estereótipos. Viciou-se em mojito (rum, soda, limão e hortelã), compadeceu-se pelas pessoas que lhe pediram lápis (!) e surpreendeu-se com a vasta cultura geral da população (até o vendedor de pipoca sabia da Revolta Farroupilha no Rio Grande do Sul, que aqui mal-conhecemos como a Guerra dos Farrapos), visitou museus, prédios históricos, casas de família, pegou a estrada até Santiago, percebeu que o herói local José Martí está presente com um busto em cada esquina etc e tals. Foi inevitável para mim lembrar do saudoso El Bodegón, mas a colega jogou um balde de água fria na minha memória gastronômica, ao comentar que comeu mal em Cuba.
Mas aí, mudando radicalmente de assunto, ela me contou sobre um projeto de “ocupação sustentável de áreas ociosas” (uêpaaa!!!) que percebeu quando esteve em Salvador(BA). Lá, o povo da classe média cabeça (designers, jornalistas, sociólogos etc) inventou uma utilidade fantástica para os velhos terrenos baldios aparentemente abandonados que acabam virando “lixão” nas comunidades: Com ajuda dos moradores locais, os terrenos são limpos e recebem um tratamento paisagístico mínimo, com a plantação de mudas de fruteiras, flores etc. Enquanto o verdadeiro dono não vende ou constrói alguma coisa no local, a comunidade preserva o ambiente limpo e agradável, sem jogar lixo no local, e acaba ganhando uma pracinha provisória. Quando há o envolvimento da comunidade em iniciativas desse tipo, o espaço deixa de ser perigoso e atrativo para os ratos, bandidos etc. Fica a dica!
Atividade física concluída com sucesso!!! Foram 7,1 km em excelente companhia!!! Obrigado, Rita!

       

COMO ANDA A ALIMENTAÇÃO?
Hoje de manhã eu estava inspirado e comi duas bananas nanicas enquanto tomava um copo de café-com-leite. kkkkkkkkkkkkkk. Só na volta da caminhada encarei um potinho de iogurte de cenoura, mel e… esqueci. 


VOCÊ NÃO SABE OS PASSOS QUE DEI PRA CHEGAR ATÉ AQUI…

É incrível como a vida é um eco. Essa história da ocupação de terreno baldio eu tive há 10 anos, mas com outro formato. Na época, eu ainda era um feliz sonhador sem limites para brincar de inventar soluções de empreendedorismo, numa primeira tentativa de fuga do meio jornalístico. Por morar no distante bairro de Piedade – que Alceu Valença homenageou com sábias palavras em “Pelas Ruas Que Andei” – onde não existia opção de lazer para crianças (a não ser a praia e o shopping), pensei em empreender a “Praça Privada”. O projeto era justamente comprar um terreno baldio e criar um ambiente de lazer que tivesse pistas de bicicross e skate, além de parquinho e um pipódromo (uns 40 m² para empinar pipa). Minha ideia era cobrar ingresso pelo uso do espaço, que teria um providencial quiosque de lanches para vender as guloseimas aos pais e filhos frequentadores. Mas, conversando com um colega jornalista econômico, ouvi dele que eu “não poderia criar uma praça e limitar o acesso das pessoas cobrando ingresso, pois eu estaria substituindo o papel do poder público e era possível que não aprovassem essa ideia, e certamente ia ter protesto, e blá,blá,blá…”. Me frustrei fortemente, desistindo do empreendimento. E foi assim que eu engordei. Mhuahahahaha. 

Este post tem 2 comentários

  1. Mestra em Antropologia!! (Tenho que dizer senão não entro mais no PPGA da UFPE) kkk

  2. Mandrey

    Corrigi!!! Eu, leigamente, achava tudo a mesma glória.

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