Dia 96/365

A CAMINHADA

A caminhada de hoje não foi planejada mas começou a se desenhar ontem à noite, quando recebi uma visita inesperada em casa, com a intenção de pernoitar em minha morada. Era a minha querida e irreverente Tia Marta, querendo usar meu endereço como base de apoio para poder acordar cedo e ver o galo gigante – símbolo do Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco dos universos (incluindo os paralelos, perpendiculares, transversais, bizarro e invertido). Eu planejava caminhar com algum jornalista até o café da manhã do galo, no Forte das Cinco Pontas, mas já que Tia Marta queria muito ver o galão, acabei me convencendo a usa-la como a Voluntária da Vez. Eu me fantasiei de Nigga Mandrah Fucker e Tia Marta de palhaça. Estávamos dispostos somente a caminhar até o galão e voltar, para não enfrentar muita multidão. Mas eis que nem bem caminhamos 500 metros, escutei uma provocação: “que honra encontrar Leão Lobo no Galo da Madrugada”. Eu  estava virando o braço para dar uma mãozada quando reconheci o engraçadinho: Jorge Moraes, o jornalista moral que tinha dois kits sobrando para um camarote VIP no Edf. Trianon. E assim, o que seria apenas uma despretensiosa caminhada antropológica para ver o símbolo do sábado de carnaval, acabou se transformando numa tertúlia 0800. Foi massa!!! Thanks, Coca-Cola Zero!!!!
Atividade física concluída com sucesso!!! 2,7 km com Tia Marta e 2,1 km sozinho (três voltas no quarteirão). É pouco (4,8 km mas eu queria ver alguém fazer igual nas mesmas circunstâncias). Uhú!!!





COMO ANDA A ALIMENTAÇÃO?

Saladinha de camarão e manga, amendoins e passas, caldinho de polvo etc. Tudo diet.

VOCÊ NÃO SABE OS PASSOS QUE DEI PRA CHEGAR ATÉ AQUI…


Irmã mais nova do meu pai, Tia Marta é uma autêntica representante da dinastia d’Os Insaciáveis na Família Bullying Feliz, mas sua principal característica não é comer muito e sim o Bullying feliz, ainda que involuntário. Foi ela que protagonizou os maiores traumas sociais da minha vida, sendo responsável por atrasar minha iniciação na vida sexual em dois anos e alimentar um complexo. E olhe que eu já estava demorando para virar hominho. Era o ano de 1993 e eu tinha 18 anos incompletos, morava sozinho com minha irmã caçula e estudava jornalismo. Com esses predicados qualquer cara faz sucesso com as vizinhas, principalmente em bairro popular. E então, depois de muita conversa mole jogada para cima de uma delas, eis que finalmente a vida amorosa começava a dar sinais de que ia abrir os caminhos pra mim. A vítima estava sentada no meu muro e eu, em pé por trás dela, já abraçava e dava um beijinho no pescoço. Até que o Chevette bege de Tia Marta entrou na nossa rua. Gelei com a possibilidade de um Bullying fuderoso (mais que poderoso, traduzindo do pernambuquês). Como eu estava por trás da menina, fiz sinal com a mão sem que ela notasse para que Tia Marta disparasse logo (fosse embora). Tia Marta percebeu o recado e passou lentamente na frente da casa mas não parou. Respirei aliviado e já ia retomar minha concentração, quando o Chevette parou. A janela da motorista abriu-se e Tia Marta botou a cabeça para fora pra gritar: “DÁ-LHE GORDINHOOOOOOOOOOOO!!!! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA”. Pois é, até a gargalhada ela não dispensou. Daí em diante, a vizinha não conseguiu mais parar de rir e eu de chorar. E foi assim que eu engordei.

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